Reflexão após a renúncia do Papa


Esta reflexão foi inspirada a partir de um programa de tv e dedico aos colegas teólogos e líderes eclesiásticos, sejam protestantes ou católicos:

Assistia eu o programa “Painel” da Globonews em que Willian Waack, repórter, entrevistava três especialistas em ciências da religião. O assunto era, como não poderia deixar de ser, a renúncia do Papa Bento XI. Dentre várias análises e opiniões  dos filósofos/teólogos, uma citação final do programa de um deles me chamou a atenção e levou-me à reflexão.

O cidadão lá, que eu não pude guardar o nome na memória, citou, segundo ele, um agnóstico que disse: “a igreja dever ser verdadeiramente divina, pois se não fosse, os homens já teriam acabado com ela”.
Entendi claramente o recado, ou seja, as disputas internas, vaidades e ambições pessoais, etc. são a principal causa da derrocada e do atraso, não só do ambiente eclesiástico, mas de qualquer organização, instituição e até da família, célula mater da sociedade.

Ao mesmo tempo, entretanto, lembrei-me também das palavras do Senhor Jesus, ao decretar que “as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja do Deus vivo”, ao referir-se que sobre Ele (Jesus – a verdadeira Pedra) edificaria (construiria) a sua igreja e, portanto, o inferno não poderá destruí-la. Isso é fato, é uma verdade imutável e, independentemente de homens ou de sistemas religiosos, a Igreja jamais será aniquilada, pois homens e suas vontades mesquinhas desaparecem, instituições acabam, os céus e a terra passam, mas as palavras de Jesus jamais passarão.

Então o agnóstico teve certa razão, embora fizesse a sua declaração com a ausência do entendimento do que significa o poder espiritual conferido por Deus à sua Igreja (nota que agora escrevo Igreja em maiúsculo?), posto que conseguia enxergar apenas os erros e pecados dos líderes religiosos.

Segue, então, que a Igreja não é uma organização e, sim, um organismo vivo e ente espiritual, dotada de dons e ferramentas para a transformação do indivíduo pecador e depravado em filho amado de Deus, conforme podemos compreender dos textos bíblicos, inspirados pelo Espírito Santo aos nossos Apóstolos Paulo e Pedro:

“eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra (Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Mateus 16:18

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” 1 Corintios 3:11.

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” Efésios 2:20.

“E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.”  1 Pedro 2:4-5.

Forte abraço,
Pr. Eliézer Rocha de Abreu

2013: coragem para se renovar

Por Leonardo Boff


Há mais de quinze anos atrás publiquei no Jornal do Brasil um artigo sob o título “Rejuvenescer como águias”. Relendo aquelas reflexões me dei conta como de elas são ainda atuais nos tempos maus sob os quais vivemos e sofremos. Retomo-as para alimentar nossa esperança enfraquecida e ameaçada pelas ameaças que pesam sobre a Terra e a Humanidade. Se não nos agarrarmos a alguma esperança, perdemos o horizonte de futuro e corremos o risco de nos entregarmos ao desamparo imobilizador ou à resignação estéril.

Neste contexto lembrei-me de um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias.

De tempos em tempos, reza o mito, a águia, como a fênix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas se incendeiam e ela toda começa a arder. Quando chega a este ponto, ela se precipita do céu e se lança qual flecha nas águas frias do lago. E o fogo se apaga. Mas através desta experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente: volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Seguramente este mito constitui o substrato cultural do salmo 103 quando diz:”O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia”.

E aqui precisamos ser um pouco psicólogos da linha de C.G. Jung que tanto se ocupou do sentido dos mitos. Segunda esta interpretação, fogo e água são opostos. Mas quando unidos, se fazem poderosos símbolos de transformação.

O fogo simboliza o céu, a consciência e as dimensões masculinas no homem e na mulher. A água, ao contrário, a terra, o inconsciente e as dimensões femininas no homem e na mulher.

Passar pelo fogo e pela água significa, portanto, integrar em si os opostos e crescer na identidade pessoal. Ninguém ao passar pelo fogo ou pela água permanece intocado. Ou sucumbe ou se transfigura, porque a água lava e o fogo purifica.

A água nos faz pensar também nas grandes enchentes como conhecemos em 2010 nas cidades serranas do Estado do Rio. Com sua força tudo carregam, especialmente o que não tem consistência e solidez. São os infortúnios da vida.

E o fogo nos faz imaginar o cadinho ou as fornalhas que queimam e acrisolam tudo o que não é ganga e não é essencial. São as notórias crises existenciais. Ao fazermos esta travessia pela “noite escura e medonha”, como dizem os mestres espirituais, deixamos aflorar nosso eu profundo sem a ilusões do ego. Então amadurecemos para aquilo que é autenticamente humano e verdadeiro. Quem recebe o batismo de fogo e de água rejuvenesce como a águia do mito antigo.

Mas abstraindo das metáforas, que significa concretamente rejuvenescer como águia? Significa entregar à morte todo o velho que existe em nós para que o novo possa irromper e fazer o seu curso. O velho em nós são os hábitos e as atitudes que não nos engrandecem: a vontade de ter razão e vantagem em tudo, o descuido para com o lixo, o desperdício da água e o desrespeito para com a natureza, bem como a falta de solidariedade para com os necessitados, próximos e distantes. Tudo isso deve ser entregue à morte para podermos inaugurar uma forma de convivência com os outros que se mostre generosa e cuidadosa com a nossa Casa Comum e com o destino das pessoas. Numa palavra, significa morrer e ressuscitar.

Rejuvenescer como águia significa também desprender-se de coisas que um dia foram boas e de ideias que foram luminosas mas que lentamente, com o passar dos anos, se tornaram ultrapassadas e incapazes de inspirar o caminho da vida. Temos que nos renovar na mente e no coração.

Rejunecer como águia significa ter coragem para recomeçar e estar sempre aberto a escutar, a aprender e a revisar. Não é isso que nos propomos a cada novo ano?

Que o ano de 2013 que se inaugura, seja oportunidade de perguntar o quanto de galinha existe em nós que não quer outra coisa senão ciscar o chão e o quanto de águia há ainda em nós, disposta a rejuvenescer ao confrontar-se valentemente com os tropeços e as crises da vida. Só então cresceremos e a vida valerá a pena.

E não podemos esquecer aquela Energia poderosa e amorosa que sempre nos acompanha e que move o inteiro universo. Ela nos habita, nos anima e confere permanente sentido de lutar e de viver.

Que o Spiritus Creator nunca nos falte!

Quem dizes que eu sou?


Tu és Bom!


A letra está abaixo. Acesse o vídeo. Maravilhoso Jesus!

Tu és Bom
Lindo Jesus, Rei do meu coração
Como eu amo os Teus caminhos
Lindo Jesus, Estrela da manhã
eu cantarei a Ti.
O que posso dizer por tudo o que Tu és
Você me libertou e me curou.
Tu és bom, em todo o tempo és bom.
Justiça está em Ti
Teu amor é pra sempre.
O Teu amor dura pra sempre...

Projeto de esporte contra as drogas

Honduras: Esporte mantém menores longe de crime e drogas

Projeto ‘Futebol para a Vida’ oferece um futuro melhor para 42.000 crianças hondurenhas.


       Em seus 10 anos de existência, o projeto “Futebol para a Vida” tirou 42.000 crianças e adolescentes das violentas ruas hondurenhas. (René Novoa para Infosurhoy.com)
Em seus 10 anos de existência, o projeto “Futebol para a Vida” tirou 42.000 crianças e adolescentes das violentas ruas hondurenhas. (René Novoa para Infosurhoy.com)
TEGUCIGALPA, Honduras – Héctor Ramón Zelaya sabe que um gol pode mudar uma vida.
Afinal, ele marcou o primeiro gol de Honduras em Copas do Mundo no empate em 1x1 contra a anfitriã Espanha, em 1982.
“Agora, marco um gol como aquele todo sábado, quando as crianças jogam nas ligas do ‘Futebol para a Vida’”, orgulha-se o ex-jogador de 53 anos, também conhecido como “Peito de Águia”.
Em 2002, ele fundou o “Futebol para a Vida”, uma liga de futebol juvenil que busca manter crianças de famílias de baixa renda longe de drogas e gangues.
“Não pretendemos ser um celeiro de jogadores de futebol”, explica Zelaya. “A bola é um meio para resgatar os jovens das gangues e evitar que caiam nas garras das drogas.”
De origem humilde, “Peito de Águia” se identifica com as crianças que participam da liga de futebol.
“Sou de Trinidad, Santa Bárbara, no oeste do país, a 220 km da capital. É uma comunidade pobre, por isso entendo como essas crianças se sentem”, garante. “Na verdade, quando pequeno, eu jogava descalço e só aos 14 anos calcei meu primeiro par de chuteiras.”
O projeto conta com o apoio da Prefeitura do Distrito Central de Tegucigalpa (PMDC), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Agência de Desenvolvimento Internacional do Canadá e da empresa aérea American Airlines.

       Héctor Ramón Zelaya, ex-jogador da seleção hondurenha de futebol e fundador do projeto “Futebol para a Vida”: “Marcar um gol na Copa do Mundo é uma lembrança que dura para a vida toda. Mas agora comemoro um gol como aquele todo sábado, marcado pelas crianças de Honduras.” (René Novoa para Infosurhoy.com)
Héctor Ramón Zelaya, ex-jogador da seleção hondurenha de futebol e fundador do projeto “Futebol para a Vida”: “Marcar um gol na Copa do Mundo é uma lembrança que dura para a vida toda. Mas agora comemoro um gol como aquele todo sábado, marcado pelas crianças de Honduras.” (René Novoa para Infosurhoy.com)
Atualmente, 15.000 crianças e adolescentes em risco social integram 1.300 equipes, distribuídas em 162 bairros, colônias e aldeias da área metropolitana de Tegucigalpa. Os jogadores recebem uniformes, bolas, troféus e assistência odontológica gratuitos, além de ouvir palestras motivacionais e educacionais.
Em seus 10 anos de existência, a organização já beneficiou 42.000 jovens, segundo seus próprios cálculos.
“Os requisitos indispensáveis para ingressar em um clube são frequentar a escola e tirar boas notas”, ressalta Zelaya.
A liga realiza torneios para diferentes faixas etárias, que vão de 8 a 18 anos para meninos e 8 a 21 para meninas.
Antes de cada partida, os adultos conversam com os jogadores sobre os perigos do consumo de drogas, o que fazer se forem abusados e higiene dental, entre outros tópicos, explica Zelaya. Treinadores, jogadores e ex-jogadores visitam as ligas para compartilhar suas experiências com as crianças.
Recentemente, o ex-jogador reuniu a seleção que jogou na Copa do Mundo de 1982 para a inauguração de um novo campo de futebol do projeto em La Travesía, um bairro do sul de Tegucigalpa.
Violência diminui
Heber Ponce, coordenador da liga na aldeia de Los Pinos, 15 km a leste da capital, é um dos 1.000 voluntários da liga.

       Heber Ponce é o coordenador da liga na aldeia de Los Pinos. Ele se envolveu com o projeto “Futebol para a Vida” “para manter os meninos longe de gangues e dar uma oportunidade a outros que queriam sair [delas].” (René Novoa para Infosurhoy.com)
Heber Ponce é o coordenador da liga na aldeia de Los Pinos. Ele se envolveu com o projeto “Futebol para a Vida” “para manter os meninos longe de gangues e dar uma oportunidade a outros que queriam sair [delas].” (René Novoa para Infosurhoy.com)
Los Pinos foi fundado após o furacão Gilberto, que atingiu Honduras em 1987 e forçou famílias que moravam em comunidades afetadas pelos deslizamentos de terra a se mudarem para o assentamento. O local hoje abriga cerca de 10.000 pessoas que sobrevivem com menos de um dólar (R$ 1,84) por dia, segundo o Centro Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (CIPD).
“Como somos uma comunidade de baixa renda, o crime é constante”, afirma o coordenador, que atua no “Futebol para a Vida” há 9 anos. “Mas, com o projeto, reduzimos em 40% os índices de violência. Quando soube do projeto, quis trazê-lo a Los Pinos para manter os meninos longe de gangues e dar uma oportunidade a outros que queriam sair [delas].”
As igrejas La Roca e Centro Bíblico, em parceria com a “Asociación Compartir”, uma ONG que atua no resgate de crianças de rua, colaboram com Ponce dando palestras motivacionais aos participantes do “Futebol para a Vida”.
Gols pela vida
A liga de Los Pinos tem 34 equipes masculinas e 6 femininas que jogam em terrenos baldios.
Não há muros ou cercas e “alguns carros quase atropelaram nossas crianças”, conta Ponce. “Héctor Zelaya fornece uniformes aos times e uma bola, mas precisamos de mais bolas, mais equipamentos atléticos, mais manutenção para as instalações e mais voluntários.”
Ponce recolhe os uniformes de seus jogadores depois de cada partida e os guarda em um saco plástico para que as crianças não os percam, pois não há camisetas extras.
Mas, apesar da falta de recursos, os participantes estão altamente motivados – basta perguntar a Wilson Oseguera.
Oseguera, de 18 anos, entrou para o clube “Juvenil Cristão” há 6 anos porque sua vida seguia um rumo destrutivo depois que o consumo de drogas levou à sua prisão por perturbação da ordem.

       Wilson Oseguera, 18 anos, entrou para o clube “Juvenil Cristão” há 6 anos porque sua vida seguia um rumo destrutivo depois que o consumo de drogas levou à sua prisão por perturbação da ordem. “Aos 13 anos, recebi um chamado de Deus”, conta. “Desde então, minha vida tem sido diferente.” (René Novoa para Infosurhoy.com)
Wilson Oseguera, 18 anos, entrou para o clube “Juvenil Cristão” há 6 anos porque sua vida seguia um rumo destrutivo depois que o consumo de drogas levou à sua prisão por perturbação da ordem. “Aos 13 anos, recebi um chamado de Deus”, conta. “Desde então, minha vida tem sido diferente.” (René Novoa para Infosurhoy.com)
“Aos 13 anos, recebi um chamado de Deus”, conta. “Desde então, minha vida tem sido diferente.”
A família do jovem está orgulhosa de como sua vida mudou graças ao “Futebol para a Vida”.
“Minha mãe está feliz que estou aqui”, diz Oseguera, que encoraja jovens a entrar para a liga. “Deus tem um propósito para mim, que é o de ajudar os demais a sair das gangues. Não creio que vou jogar futebol profissionalmente, mas terei um futuro digno.”
Necessidade de instalações esportivas
Zelaya está tentando expandir o alcance do projeto para incluir jogadores de outras comunidades em risco social.
Ele fez uma parceria com o governo espanhol e com o FC Barcelona, que é liderado pelo craque argentino Lionel Messi, para expandir a liga para todas as 74 comunidades indígenas de Honduras.
“Em um futuro próximo, chegaremos a todo o país”, diz “Peito de Águia”.
Zelaya acrescenta que 90% das crianças que entram para um time permanecem no projeto, “mas alguns saem por negligência dos pais ou porque algumas ligas acabam quando os proprietários dos campos vendem os terrenos para a construção de gramados particulares.”
Por essa razão, o ex-jogador pediu ao Governo Federal e à Comissão Nacional Pró-Instalações Desportivas (CONAPID) que disponibilizem espaços próprios para a liga.
“O projeto é bonito”, diz Zelaya. “Estamos em áreas de baixa renda, onde o povo nos saúda com alegria e nos apoia com o pouco que podem. Minha maior recompensa é ver a alegria das crianças quando vestem os uniformes. É algo incomparável.”

O Cético e o Lúcido

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.

- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.

- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.

- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...

Pense nisso.

Fonte: Internet

O Amor de Deus não é Incondicional

É um equívoco dizer que o amor de Deus é incondicional. Para que seja assim o amor de Deus deveria cumprir duas condições que, a meu ver, estão implícitas no termo incondicionalidade: a não necessidade de pré-requisito e a não expectativa de reciprocidade. Vejamos:

A- "Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro." I Jo 4.19 (RC)

Deus não ama incondicionalmente: Deus ama para ser amado. Deus espera que seu amor por nós desperte amor por Ele. Se Deus amasse incondicionalmente a salvação teria de ser universal.

Incondicionalidade significa não exigir nenhum pré-requisito e não esperar nenhum tipo de resposta. Não é o caso: Deus espera ser amado. Logo, antes de ser incondicional, o amor de Deus atua para criar em nós condições de amá-lo. Não é incondicional porque dos dois fatores que demarcam a incondicionalidade: a ausência de pré-requisito e o não aguardo de resposta - o amor de Deus contempla apenas o primeiro. O amor de Deus não exige pré-requisito: "Mas Deus mostrou-nos até que ponto nos ama, pois, quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós." (Rm 5.8 - SBP) O amor de Deus, entretanto, exige uma resposta: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3.16 – RA) – Deus ama ao mundo, mas só salva àquele que responde ao seu amor.

B- "O amor de Cristo absorve-nos completamente, pois sabemos que se ele morreu por todos, então todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem já não vivam para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou." 2Co 2.14,15 (SBP)

O amor sacrificial de Cristo é suficiente para salvar a todos, mas, é eficaz aos que, conscientes desse amor, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. O amor de Cristo espera gerar conversão, para que haja salvação.

C- "Nós sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são chamados segundo o seu plano." Rm 8.28 (SBP)

Deus é soberano, mas se responsabiliza pela história daqueles que o amam; o caminho dos ímpios, porém, perecerá (Sl 1.6). Deus garante que interferirá na história para que esta seja benéfica para os que o amam, contudo, deixará que os ímpios sigam livremente o seu curso, o que terminará em perdição. E, ímpios são os que não respondem ao amor de Deus.

D- "Foi antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de deixar este mundo para ir para o Pai. E ele, que amou sempre os seus que estavam no mundo, quis dar-lhes provas desse amor até ao fim. (...) Levantou-se então da mesa, tirou a capa e pegou numa toalha que pôs à cintura. Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha. (...) Se eu, que sou Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também de agora em diante devem lavar os pés uns aos outros." Jo 13. 1, 4, 5, 14 (SBP)

Mesmo o ato mais amoroso e aparentemente incondicional de Cristo tinha um propósito: provocar conversão em seus discípulos, de modo que o imitassem. Não era, portanto, uma demonstração da incondicionalidade de seu amor, mas um ato pedagógico visando um fim específico. Deus ama primeiro, porém não incondicionalmente, ele espera uma resposta.

E- "E diz também: Se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer e se tem sede dá-lhe de beber. Ao fazeres isso, farás com que a cara lhe arda de vergonha." Rm 12.20 (SBP)

Mesmo o amor com que Deus manda que amemos não é incondicional, espera uma resposta. Ainda que a gente não deva parar de amar por motivo nenhum: "E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido." Gl 6.9 (RA) – a gente, também, não pode perder a esperança de alcançar a resposta desejada.

F- "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força." Dt 6.4,5

Deus espera ser amado, porque esta é a única maneira adequada de relacionar-se com Deus na beleza de sua exclusividade, de sua santidade: amá-lo acima de todas as coisas – o que significa sempre escolher a Deus, não importa quão tentadora seja a possibilidade oferecida; quem ama a Deus acima de todas as coisas só escolhe o que Deus escolheria, porque sempre escolhe a Deus.

G- "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou." Jo 14.21,24 (RA) "Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou." 1Jo 2.4-6 (RA)

Quem ama a Deus? Aquele que o obedece. O que acontece com aquele que obedece a Deus? O amor de Deus é nele aperfeiçoado, isto é, nele o amor que saiu de Deus consegue cumprir a missão para a qual saiu. Deus ama para ser obedecido! Quem não obedece a Deus como resposta ao seu amor, não só não o ama como nem o conhece de fato; logo, não pode nele permanecer, até porque nem está nele.

H- "Nem todos aqueles que me dizem: ‘Senhor, Senhor!’ entrarão no reino dos céus, mas apenas os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus." Mt 7.21 (RA)

Os que não obedecem a Deus não serão salvos, não porque a salvação seja pelas obras, mas porque a graça de Deus, que em nós foi derramada, nos torna filhos da obediência, prontos para as boas obras e para andar de modo digno do chamado que recebemos; porque, pela graça, somos fortalecidos com poder no homem interior, podendo, assim, ser imitadores de Deus, como filhos amados, como nos ensina o apóstolo Paulo, na carta aos efésios.

Então, quem peca não é salvo? Para os que caem em pecado há uma palavra de obediência que, em sendo cumprida, demonstra que eles, ainda amam ao Senhor, embora, por um momento, o tenham desonrado: "Mas se confessarmos os nossos pecados, Deus que é fiel e justo perdoará os nossos pecados e nos purificará de todo o mal." I Jo 1.9 (SBP). Há uma ordem clara para todo o que, se dizendo filho de Deus, cai em pecado: arrepender-se. A ordem é não pecar, contudo, disse João: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo." I Jo 2.1 (RA). É preciso, entretanto, ter sempre em mente a palavra do apóstolo: "Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus." I Jo 3.4,8 (RA)

O amor de Deus não é incondicional, Deus ama para ser obedecido.

Tudo, na Bíblia, parece dizer que Deus não deixa de amar porque não houve resposta ao seu amor, entretanto, também não deixa de esperar que essa resposta venha. E se ela não vier, apesar de todo o amor que dispensa às suas criaturas, executará o juízo.

Ariovaldo Ramos