Antigas profecias judaicas sugerem que o Messias de Israel pode estar chegando em breve

Antigas profecias judaicas sugerem que o Messias de Israel pode estar chegando em breve Uma profecia judaica medieval sobre a vinda do Messias de Israel parece estar se cumprindo com a situação atual do Oriente Médio, informou o jornal Israel National News.

Os judeus familiarizados com uma compilação de antigos textos de exegese agádica chamado Yalkut Shimoni parece ter previsto, séculos atrás, a tensão atual entre Irã e Arábia Saudita. Essa profecia fala sobre fatos que antecedem a vinda do Messias – o Rei que redime a Israel e a todo mundo.

Não se sabe exatamente quem compilou o Shimoni Yalkut, mas a cópia mais antiga conhecida é de 1310. Muitos dos rabinos citados pelo Shimoni Yalkut viveram muito antes, durante a era talmúdica no primeiro e no segundo séculos.

Em partes citando o livro bíblico de Isaías e as profecias nele contidas, um rabino mencionado pelo Shimoni Yalkut afirma: “No ano em que o Messias-Rei aparece, todas as nações do mundo estão provocando uma às outras. O rei da Pérsia provoca um rei árabe e o rei da Arábia busca o conselho de Aram. ”

O Irã atual compreende boa parte do antigo reino da Pérsia e “o rei árabe” pode ser razoavelmente entendida, aos olhos modernos, como o rei da Arábia [Saudita], um antigo aliado dos Estados Unidos.

Esta passagem é relativamente bem conhecida dos judeus, e algumas versões modernas substituíram “Edom” por “Aram”. Antigas referências judaicas para “Edom” hoje são vistas como uma referência à Europa ou ao Ocidente. “Aram” refere-se a uma região da antiga Mesopotâmia, a parte norte do atual Iraque e a porção oriental da Síria.

Essa descrição parece espelhar o atual programa nuclear do Irã e a tensão que isso está gerando com os países árabes, especialmente a Arábia Saudita. A instabilidade precisamente nessa área é o que mais preocupa os sauditas, com a saída dos EUA do Iraque e a instabilidade do regime na Síria, antiga aliada do Irã.

Mas o que acontece depois? De acordo com o Shimoni Yalkut:

“O Rei da Pérsia volta e destrói o mundo inteiro. Todas as nações do mundo sentem pânico e angústia e caem com seus rostos em terra e sentem dores como as de uma mulher prestes a dar à luz … ”

Um relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã está trabalhando na construção de armas nucleares e que provavelmente poderia deixa-las prontas para serem usadas dentro de um ano. Isso significa que os esforços diplomáticos têm falhado e o Irã tem feito ameaças de exterminar Israel e, com isso, provocou os Estados Unidos.

A profecia é um mau presságio para grande parte do mundo, pois, se os rabinos estiverem certos na interpretação, uma grande guerra virá antes da chegada do Messias.

Muitos políticos no Ocidente estão preocupados em minimizar os perigos de um Irã nuclear. Eles argumentam que, assim como a União Soviética não usou suas armas nucleares contra o Ocidente, o Irã saberá mostrar moderação. Mas parece que eles ignoram a ideologia religiosa profundamente enraizada nos governantes do Irã, que se vem como “instrumentos de Deus” para inaugurar uma nova era dourada para o Islã.

O que tudo isso significa se, de fato, a profecia do Shimoni Yalkut for precisa? O texto diz o seguinte:

“… Israel estará em pânico e angústia, se perguntando “para onde iremos nós”? E o Senhor lhes diz ‘Meus filhos, não tenham medo. Tudo o que eu fiz, foi só para vocês. Por que vocês estão com medo? Não tenha medo, o tempo de resgate chegou, e a redenção final não é como o primeiro resgate, porque o primeiro resgate foi seguido pela dor e pela servidão a outros reinos, mas a redenção final não é seguida pela dor e servidão a outros reinos”.

Israel, de fato, já mostra sinais de que o pânico e angústia. Desde o mês passado, Israel e Irã tem feito ameaças mútuas. O Irã já disse que pretende relegar o Estado judeu ao ‘lixo da história’. Enquanto isso, o Comando Militar de Israel fala sobre o lançamento maciço de mísseis não convencionais a partir de Tel Aviv.

Embora os judeus não tenham reconhecido a Jesus como o Messias, várias profecias sobre aquele país ainda precisam ser cumpridas até a volta de Cristo. Para muitos intérpretes será necessária uma nova perseguição maciça, pois toda vez que o povo era derrotado no Antigo Testamento, voltava-se para Deus.

Traduzido e adaptado por Gospel Prime de Israel National News

Li e gostei

“Quem quisesse resumir numa palavra a característica principal da arte moderna encontrá-la-ia, perfeitamente, na palavra sonho. A arte morderna é arte de sonho. Modernamente, deu-se a diferenciação entre o pensamento e a ação, entre a idéia do esforço e o ideal, e o próprio esforço e a realização. Na idade Média e na Renascença, um sonhador, como o Infante D. Henrique,punha o seu sonho em prática. Bastava que com intensidade o sonhasse.

O mundo humano era pequeno e simples. Era-o todo o mundo até a era moderna. Não havia a complexidade de poder a que chamamos democracia, não havia a intensidade de vida que devemos àquilo que chamamos industrialismo, nem havia a dispersão da vida, o alargamento da realidade que as descobertas deram e resulta no imperialismo.

Hoje o mundo exterior é desta complexidade tripla e horrorosa. Logo no limiar do sonho surge o inevitável pensamento da impossibilidade…os grandes homens antigos eram homens de sonho. Os homens diminuem. Gradualmente, cada vez mais, governar é administrar, guiar”.
(Fernando Pessoa)

Entrevista: Bispo Ximenes

Entrevista com o Bispo Alexandre Ximenes, possui 40 anos de ministério pastoral. Pregador consagrado, conferencista, atua hoje como bispo diocesano da Igreja Episcopal Carismática do Brasil, servindo em Recife – Pernambuco, e também no estado de Alagoas. Complementarmente, o bispo é ainda reitor do SETEC, Seminário Teológico da Igreja Episcopal Carismática.


Ximenes avalia os rumos da igreja brasileira e alerta para os riscos da adoção do materialismo pragmático pelas lideranças evangélicas. A justificação dos meios pela praticidade dos fins tem afetado a mensagem e as raízes comunitárias. Ximenes aponta ainda os erros da ditadura dos números e da mercantilização das relações e acredita em um cenário crescentemente favorável para a igreja reformada sacramental e litúrgica.


Carlos Moreira por Genizah - A sociedade pós-moderna, construída sob os pilares da ciência e da tecnologia, tem sido marcada por um fenômeno social conhecido como “a sociedade da conveniência”. Em sua opinião, este fenômeno chegou também à igreja? As pessoas hoje estão vivendo um cristianismo de conveniências?


Bispo Ximenes - Lamentavelmente, a Igreja importou do “sistema” o utilitarismo. A grande maioria das comunidades Cristãs tem vivido um Materialismo sem precedentes, não o dialético, necessariamente, mas um materialismo pragmático. O pior é que, a reboque, tal estilo de vida trás justificação dos meios pela praticidade dos fins. Desde que dê certo, é certo! Hoje, infelizmente, as raízes comunitárias estão sendo desprezadas. As pessoas freqüentam uma congregação por dia, desde que tenham “respostas” ao que procuram. O absoluto que cresce a cada dia é o “sentir-se bem”. Pouco importa o que se ensina ou o que se vive, desde que a pessoa sinta-se bem. Coisas da Pós-Modernidade...


Genizah - Nas últimas décadas, o pós-pentecostalismo (também chamado de néo-pentecostalismo) dominou a “cena” religiosa evangélica em nosso país. Sabemos que o Sr. tem um ministério de mais de 3 décadas como pastor, pregador e conferencista. O que mudou na eclesiologia protestante neste período?


Bispo Ximenes - Sempre observei e preguei que a Igreja corre o sério risco de importar os padrões de governo da sociedade onde está inserida. Os anos 1970, por exemplo, foram ricos no surgimento dos “ditadores” evangélicos. A Igreja repetia no “micro-universo” o que acontecia no “macro”. Tornou-se uma espécie de sistema vigente em escala reduzida, uma miniatura. Claro, houve lindas e benditas exceções! Hoje, refletindo o pragmatismo vigente, a eclesiologia está a cada dia mais voltada para os fins, para o ponto de chegada. Penso que a dimensão Protestante, no sentido real da palavra, está cada dia menor. Não falo do aspecto Protestante relativo à constante repetição dos postulados da Reforma do Século XVI, mas, da capacidade de indignar-se, confrontar, denunciar, enfim, PROTESTAR de forma consciente e baseada em princípios Bíblicos. Hoje, quando se fala em Protestantes, enxerga-se muito mais uma abordagem histórica ou de quase “canonização” dos Reformadores e, muito menos, o enfrentamento do mal, seja ele estrutural ou circunstancial.

A grande maioria das comunidades Cristãs tem vivido um Materialismo sem precedentes, não o dialético, necessariamente, mas um materialismo pragmático. O pior é que, a reboque, tal estilo de vida trás justificação dos meios pela praticidade dos fins. Desde que dê certo, é certo!


Muitos teólogos têm afirmado que as igrejas se tornaram um negócio. Como o Sr. vê toda essa “pirotecnia” (cantores gospel, cultos de catarse, exorcismos, “milagres”) nas celebrações de muitas denominações e isto com vistas a atrair o “crente-cliente” para o seu “curral”?

Se não fosse trágico, seria cômico. A Igreja hoje é um mercado. Com todas as características do mesmo. Impera a Lei da “Oferta e da Procura”. Pregadores cobrando por sermões. O termo “cachê” vem agora sendo usado de forma rotineira. O Evangelho oferecido como produto, coisa, mercadoria. Embora naquilo que chamam com febre altíssima de “doutrina”, não aconteça, na prática, na vivencia do dia a dia, é o que se vê, lamentavelmente. Ouço falar de Igrejas que parcelam dízimo, facilitam no cartão de crédito, reduzem a percentagem do mesmo, enfim, um “venha para cá e tenha mais facilidades”. Crente hoje é cliente! Um jovem me disse a poucos dias que já não existem mais congregações, mas, franquias.


Por que não ouvimos mais mensagens falando da Cruz, do negar-se a si mesmo, da perseverança. Hoje, o que vemos é que a auto-ajuda entrou na igreja disfarçada de doutrina. Com isso, a congregação ouve o que deseja ouvir e não o que precisa ouvir. O que o Sr. tem a comentar?


Creio que é, mais uma vez, a idolatria da estatística. Números divinizados! Jesus de Nazaré seria um fracasso dentro desta ótica. Investiu a vida em um pequeno grupo, não deixou um metro de construção, etc. Diante disto, pergunto: quem quer negar-se a si mesmo? Quem quer um Evangelho de Cruz? Hoje vemos o “evangelho” do “tapete vermelho”, dos “tronos”, etc. O que tem importado a muitos pregadores e líderes é o “IBOPE”. Desculpe-me, mas, Gente assim, deveria ser alvo do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da PM). Algum tempo atrás, um pastor sério me fez a seguinte pergunta: “será que somos bobos?”. Isto posto diante do crescimento deste “evangelho” de dividendos, de conveniências. Eis aí um nome duro, mas que pode ser aplicado em muitos casos: Igreja de Conveniência. Você para, compra, põe no bolso (mente) e vai embora.

É a idolatria da estatística. Números divinizados! Jesus de Nazaré seria um fracasso dentro desta ótica.


Nas últimas décadas temos visto várias práticas empresariais serem utilizadas nas igrejas como, por exemplo, metas a serem alcançadas quanto à multiplicação de fieis engajados em pequenos grupos. O que o Sr. acha deste tipo de prática?


Gosto dos pequenos grupos. Um homem de Deus, há anos, me disse: “quem não está num pequeno grupo não está na Igreja”. Falava dos grupos formados por afinidades, gostos comuns, etc. No entanto, isso não pode ser confundido com um sistema voltado apenas para a multiplicação. Como experiência de comunhão, sim. O Ministério Pastoral tornou-se gerencial, executivo e empresarial. Precisamos com urgência voltar ao Ministério Pessoal, Devocional e Pastoral no sentido exato do termo. Num modus vivendi empresarial, quem irá valorizar, por exemplo, um membro com 90 anos de idade, desamparado, pobre e doente? Ora, ele já não é “produtivo” ou “útil” para o “Sistema Religioso”, tenha ele, o sistema, o rótulo que tiver.


Como bispo de uma diocese da Igreja Episcopal Carismática do Brasil, ramo do protestantismo reformado da Igreja de Jesus Cristo, como o Sr. analisa a percepção da sociedade quanto a uma igreja sacramental e litúrgica nos dias atuais?


Hoje há uma espécie de “ressaca” no mundo cristão. Depois das “experiências” e aventuras, há um desejo de retorno, de volta às origens. E, graças a Deus, esta visão tem se alastrado. A Igreja Episcopal, como qualquer uma em qualquer época, tem suas virtudes e equívocos, mas, ela tem sido inclusiva, acolhedora, misericordiosa e graciosa. Temos sofrido críticas por isso. As pessoas brigam com unhas e dentes pela Teologia da Graça, mas ficam incomodadas quando essa visão é praticada. A IEC tem procurado viver a verdade dos Fundamentos sem abrir mão da leitura do mundo atual. Assim, ela tem uma Liturgia (que não engessa, imobiliza), uma visão Sacramental das Ordenanças (meios de graça), uma consciência dos Carismas e um ardor pela Evangelização, não como catequese ou conquista, mas, como Boa Notícia para um mundo cansado, até mesmo da religião.


Quais são os seus planos ministeriais para os próximos anos? Em que projetos o Sr. está envolvido?


Quero, neste final, dizer que o que foi dito por mim, foi em amor incontrolável pela Igreja do Senhor Jesus Cristo. Há 39 anos que conheço a Igreja. Devo minha vida e ministério à gente boa dessa Igreja verdadeira que ministrou graça sobre mim, me suportou em anos difíceis e, nunca, a exemplo do Senhor Jesus Cristo, desistiu de mim. Portanto, a Igreja Viva está por aí, até mesmo no meio do “sistema religioso” (seja ele qual for). Hoje, quando antevejo o ocaso da vida, rogo a Deus que me faça fiel ao chamado. Jamais abdicarei da esperança. O amanhã, realmente, a Deus pertence. Como também o hoje. Minhas raízes são fundamentadas na vontade do Pai Celestial. Quero estar onde ELE onde quer que eu esteja. Na Igreja Episcopal, a qual amo, desenvolvo hoje o meu Episcopado na Zona Sul do Recife e Estado de Alagoas e sou Reitor do Seminário Teológico Episcopal Carismático, o SETEC. Um dos meus sonhos ministeriais é ter um local apropriado para investir na restauração de pastores feridos nas “batalhas da vida”. Gente querida que foi machucada na caminhada. Ver esses homens restaurados é um dos projetos que ainda espero realizar. Recebo muitos deles em meu Gabinete Pastoral, e, de muitas denominações. Buscam graça, misericórdia e acolhimento. Precisam de um tempo de descanso, reflexão e oração. Espero que um dia, Deus, se assim for a Sua vontade, me propicie este local, uma espécie de “Vale do Perdão”.

Genizah

HOLOCAUSTO, ABORTO E O JULGAMENTO



O filme de apenas 33 minutos está tentando mudar o pensamento dos americanos em relação ao aborto. Com o título de “180″ o filme produzido pelo ministério Living Waters e dirigido pelo ministro cristão Ray Comfort, traz à memória dos espectadores o assunto comparando o aborto com o Holocausto do judeus na Alemanha.

O filme já fez grande sucesso no You Tube e só no primeiro mês teve mais de 1,2 milhões de acessos e considerado o ‘melhor filme da internet’. Agora, já estão sendo distribuídas cerca de 200 mil cópias do filme para diversas universidades dos Estados Unidos.


Os mártires modernos do Cristianismo

A ascensão do extremismo islâmico coloca uma pressão cada vez maior sobre os cristãos que vivem em países muçulmanos, que são vítimas de assassinatos, violência e discriminação. Os cristãos agora são considerados o grupo religioso mais perseguido em todo o mundo. Paradoxalmente, sua maior esperança vem do Islã politicamente moderado.

Kevin Ang é mais cauteloso hoje em dia. Ele espia ao redor, dá uma olhada para a esquerda para a longa fileira de lojas, e depois para a direita em direção à praça, para checar se não há ninguém por perto. Só então o zelador da igreja tira sua chave, destranca o portão, e entra na Igreja Metro Tabernacle num subúrbio de Kuala Lumpur.

  • Charles Dharapak/AP - 06.abril.2000
  • Muçulmanos da Indonésia protestam, bradando suas espadas e mostrando que estão prntos para a “Jihad” (Guerra Santa), durante uma manifestação no complexo esportivo Senayan, em Jacarta (Indonésia). Os muçulmanos se reuniram para discutir sobre uma guerra contra a minoria cristã, depois que o governo ordenou o final da briga entre extremistas nas provícias de Maluku

A corrente de ar vira páginas queimadas da Bíblia. As paredes estão cobertas de fuligem e a igreja cheira a plástico queimado. A Igreja Metro Tabernacle foi a primeira de onze igrejas a serem incendiadas por muçulmanos revoltados – tudo por causa de uma palavra: “Alá”, sussurra Kevin Ang.

Tudo começou com uma questão – se os cristãos daqui, assim como os muçulmanos, poderiam chamar seu deus de “Alá”, uma vez que eles não têm nenhuma outra palavra ou língua à sua disposição. Os muçulmanos alegam que Alá é deles, tanto a palavra quanto o deus, e temem que se os cristãos puderem usar a mesma palavra para seu próprio deus, isso poderia desencaminhar os fiéis muçulmanos.

Durante três anos isto era proibido e o governo confiscou Bíblias que mencionavam “Alá”. Então, em 31 de dezembro do ano passado, o mais alto tribunal da Malásia chegou a uma decisão: o deus cristão também poderia ser chamado de Alá.

Os imãs protestaram e cidadãos enfurecidos jogaram coquetéis Molotov nas igrejas. Então, como se isso não bastasse, o primeiro-ministro Najib Razak declarou que não podia impedir as pessoas de protestarem contra determinados assuntos no país – e alguns interpretaram isso como um convite para a ação violenta. Primeiro as igrejas foram incendiadas, depois o outro lado revidou colocando cabeças de porcos na frente de duas mesquitas. Entre os habitantes da Malásia, 60% são muçulmanos e 9% são cristãos, com o restante composto por hindus, budistas e sikhs. Eles conseguiram viver bem juntos, até agora.

É um batalha por causa de uma única palavra, mas há muito mais envolvido. O conflito tem a ver com a questão de quais direitos a minoria cristã da Malásia deve ter. Mais que isso, é uma questão política. A Organização Nacional dos Malaios Unidos, no poder, está perdendo sua base de apoio para os islamitas linha dura – e quer reconquistá-la por meio de políticas religiosas.

  • Bullit Marquez/AP
  • Muçulmanos rezam em mesquita de Kuala Lumpur, cidade da Malásia que registra diversos conflitos e mortes entre cristãos e extremistas muçulmanos

Essas políticas estão sendo bem recebidas. Alguns dos Estados da Malásia interpretam a Sharia, o sistema islâmico de lei e ordem, de forma particularmente rígida. O país, que já foi liberal, está a caminho de abrir mão da liberdade religiosa – e o conceito de ordem está sendo definido de forma cada vez mais rígida. Se uma mulher muçulmana beber cerveja, ela pode ser punida com seis chibatadas. Algumas regiões também proíbem coisas como batons chamativos, maquiagem pesada, ou sapatos de salto alto.

Expulsos, sequestrados e mortos
Não só na Malásia, mas em muitos países em todo o mundo muçulmano, a religião ganhou influência sobre a política governamental nas últimas duas décadas. O grupo militante islâmico Hamas controla a Faixa de Gaza, enquanto milícias islamitas lutam contra os governos da Nigéria e Filipinas. Somália, Afeganistão, Paquistão e Iêmen caíram, em grande extensão, nas mãos dos islamitas. E onde os islamitas não estão no poder hoje, os partidos seculares no governo tentam ultrapassar os grupos mais religiosos assumindo uma tendência de direita.

Isso pode ser visto de certa forma no Egito, Argélia, Sudão, Indonésia, e também na Malásia. Embora a islamização frequentemente tenha mais a ver com política do que com religião, e embora não leve necessariamente à perseguição de cristãos, pode-se dizer ainda assim que, onde quer que o Islã ganhe importância, a liberdade para membros de outras crenças diminui.

Há 2,2 bilhões de cristãos em todo o mundo. A organização não-governamental Open Doors calcula que 100 milhões de cristãos são ameaçados ou perseguidos. Eles não têm permissão para construir igrejas, comprar Bíblias ou conseguir empregos. Esta é a forma menos ofensiva de discriminação e afeta a maioria desses 100 mil cristãos. A versão mais bruta inclui extorsão, roubo, expulsão, sequestro e até assassinato.

Margot Kässmann, que é bispo e foi chefe da Igreja Protestante na Alemanha antes de deixar o cargo em 24 de fevereiro, acredita que os cristãos são “o grupo religioso mais perseguido globalmente”. As 22 igrejas regionais alemãs proclamaram este domingo como o primeiro dia de homenagem aos cristãos perseguidos. Kässmann disse que queria mostrar solidariedade para com outros cristãos que “têm grande dificuldade de viver de acordo com sua crença em países como a Indonésia, Índia, Iraque ou Turquia”.

Há exemplos contrários, é claro. No Líbano e na Síria, os cristãos não são discriminados, e, na verdade, desempenham um papel importante na política e na sociedade. Além disso, a perseguição contra os cristãos não é de forma alguma um domínio exclusivo dos fanáticos muçulmanos – os cristãos também são presos, agredidos e assassinados em países como o Laos, Vietnã, China e Eritreia.

“Lento genocídio” contra os cristãos
A Open Doors edita um “índice de perseguição” global. A Coreia do Norte, onde dezenas de milhares de cristãos estão presos em campos de trabalho forçado, esteve no topo da lista por muitos anos. Ela é seguida pelo Irã, Arábia Saudita, Somália, Maldivas e Afeganistão. Entre os dez primeiros países da lista, oito são islâmicos, e quase todos têm o Islã como sua religião oficial.

  • Beawiharta/Reuters
  • Manifestantes muçulmanos pedem, em Jacarta, “guerra santa” contra cristãos das Molucas

A perseguição sistemática de cristãos no século 20 – por comunistas na União Soviética e na China, mas também pelos nazistas – custou muito mais vidas do que qualquer outra coisa que tenha acontecido até o momento no século 21. Agora, entretanto, não são apenas os regimes totalitários que perseguem os cristãos, mas também moradores de Estados islâmicos, fundamentalistas fanáticos, e seitas religiosas – e com frequência simples cidadãos considerados fiéis.

Foi-se a era da tolerância, em que os cristãos, chamados de “Povo do Livro”, desfrutavam de um alto grau de liberdade religiosa sob a proteção de sultões muçulmanos, enquanto a Europa medieval bania judeus e muçulmanos do continente ou até mesmo os queimava vivos. Também se foi o apogeu do secularismo árabe pós 2ª Guerra Mundial, quando árabes cristãos avançaram nas hierarquias políticas.

À medida que o Islã político ficou mais forte, a agressão por parte de devotos deixou de se concentrar apenas nos regimes políticos corruptos locais, mas também e cada vez mais contra a influência ostensivamente corrupta dos cristãos ocidentais, motivo pelo qual as minorias cristãs foram consideradas responsáveis. Uma nova tendência começou, desta vez com os cristãos como vítimas.

No Iraque, por exemplo, grupos terroristas sunitas perseguem especialmente pessoas de outras religiões. O último censo do Iraque em 1987 mostrou que havia 1,4 milhão de cristãos vivendo no país. No começo da invasão norte-americana em 2003, eles eram 550 mil, e atualmente o número está está pouco abaixo dos 400 mil. Os especialistas falam num “lento genocídio”.

“As pessoas estão morrendo de medo”
A situação na região da cidade de Mosul, no norte do Iraque, é especialmente dramática. A cidade de Alqosh fica no alto das montanhas sobre Mosul, a segunda maior cidade iraquiana. Bassam Bashir, 41, pode ver sua antiga cidade natal quando olha pela janela. Mosul fica a apenas 40 quilômetros dali, mas é inacessível. A cidade é mais perigosa que Bagdá, especialmente para homens como Bassam Bashir, um católico caldeu, professor e fugitivo dentro de seu próprio país.

Desde o dia em que a milícia sequestrou seu pai de sua loja, em agosto de 2008, Bashir passou a temer por sua vida e pela vida de sua família. A polícia encontrou o corpo de seu pai dois dias depois no bairro de Sinaa, no rio Tigre, perfurado por balas. Não houve nenhum pedido de resgate. O pai de Bashir morreu pelo simples motivo de ser cristão.

E ninguém afirma ter visto nada. “É claro que alguém viu alguma coisa”, diz Bashir. “Mas as pessoas em Mosul estão morrendo de medo.”

Uma semana depois, integrantes da milícia cortaram a garganta do irmão de Bashir, Tarik, como num sacrifício de ovelhas. “Eu mesmo enterrei meu irmão”, explica Bashir. Junto com sua mulher Nafa e suas duas filhas, ele fugiu para Alqosh no mesmo dia. A cidade está está cercada por vinhedos e uma milícia cristã armada vigia a entrada.

Aprovação tácita do Estado
Os familiares de Bashir não foram os únicos a se mudar para Alqosh à medida que a série de assassinatos continuou em Mosul. Dezesseis cristãos foram mortos na semana seguinte, e bombas explodiram em frente às igrejas. Homens que passavam de carro gritaram para os cristãos que eles podiam escolher – ou saíam de Mosul ou se convertiam ao Islã. Das 1.500 famílias cristãs da cidade, apenas 50 ficaram. Bassam Bashir diz que não voltará antes de lamentar a morte de seu pai e seu irmão em paz. Outros que perderam totalmente a esperança fugiram para países vizinhos como a Jordânia e muitos mais foram para a Síria.

Em muitos países islâmicos, os cristãos são perseguidos menos brutalmente do que no Iraque, mas não menos efetivamente. Em muitos casos, a perseguição têm a aprovação tácita do governo. Na Argélia, por exemplo, ela tomou a forma de notícias de jornal sobre um padre que tentou converter muçulmanos ou insultou o profeta Maomé – e que divulgaram o endereço do padre, numa clara convocação para a população fazer justiça com as próprias mãos. Ou um canal de televisão pública pode veicular programas com títulos como “Nas Garras da Ignorância”, que descreve os cristãos como satanistas que convertem muçulmanos com o auxílio de drogas. Isso aconteceu no Uzbequistão, que está no décimo lugar do “índice de perseguição” da Open Doors.

A blasfêmia também é outra justificativa frequentemente usada. Insultar os valores fundamentais do Islã é uma ofensa passível de punição em muitos países islâmicos. A justificativa é com frequência usada contra a oposição, quer sejam jornalistas, dissidentes ou cristãos. Imran Masih, por exemplo, cristão dono de uma loja em Faisalabad, no Paquistão, foi condenado à prisão perpétua em 11 de janeiro, de acordo com as seções 195A e B do código penal do Paquistão, que tratam do crime de ofender sentimentos religiosos ao dessacralizar o Alcorão. Um outro dono de loja o acusou de queimar páginas do Alcorão. Masih diz que ele queimou apenas documentos antigos da loja.

É um caso típico para o Paquistão, onde a lei contra a blasfêmia parece convidar ao abuso – é uma forma fácil para qualquer um se livrar de um inimigo. No ano passado, 125 cristãos foram acusados de blasfêmia no Paquistão. Dezenas dos que já foram sentenciados estão agora esperando sua execução.

“Não nos sentimos seguros aqui”
A perseguição tolerada pelo governo acontece até mesmo na Turquia, o país mais secular e moderno do mundo muçulmano, onde cerca de 110 mil cristãos representam menos de um quarto de 1% da população – mas são discriminados assim mesmo. A perseguição não é tão aberta ou brutal quanto no vizinho Iraque, mas as consequências são semelhantes. Os cristãos na Turquia, que estavam bem acima dos 2 milhões no século 19, estão lutando para continuar a existir.

É o que acontece no sudeste do país, por exemplo, em Tur Abdin, cujo nome significa “montanha dos servos de Deus”. É uma região montanhosa cheia de campos, picos e vários mosteiros de séculos de existência. O local abriga os assírios sírios ortodoxos, ou arameus, como denominam a si mesmos, membros de um dos grupos cristãos mais antigos do mundo. De acordo com a lenda, foram os três reis magos que levaram o sistema de crenças cristão de Belém para lá. Os habitantes de Tur Abdin ainda falam aramaico, a língua usada por Jesus de Nazaré.

O mundo sabe bem mais sobre o genocídio cometido contra os armênios pelas tropas otomanas em 1915 e 1916, mas dezenas de milhares de assírios também foram assassinados durante a 1ª Guerra Mundial. Estima-se que cerca de 500 mil assírios viviam em Tur Abdin no começo do século 20. Hoje há apenas 3 mil. Um tribunal distrital turco ameaçou, no ano passado, tomar posse do centro espiritual assírio, o mosteiro Mor Gabriel de 1.600 anos de idade, porque acreditava-se que os monges haviam adquirido terras de forma ilegal. Três vilarejos muçulmanos vizinhos reclamaram que sentiam-se discriminados por causa do mosteiro, que abriga quatro monges, 14 freiras e 40 estudantes atrás de seus muros.

“Mesmo que não queira admitir, a Turquia tem um problema com pessoas de outras religiões”, diz Ishok Demir, um jovem suíço de ascendência aramaica, que vive com seus pais perto de Mor Gabriel. “Nós não nos sentimos seguros aqui.”

Mais que qualquer coisa, isso tem a ver com o lugar permanente que os armênios, assírios, gregos, católicos e protestantes têm nas teorias de conspiração nacionalistas do país. Esses grupos sempre foram vistos como traidores, descrentes, espiões e pessoas que insultam a nação turca. De acordo com uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisa Pew, sediado nos EUA, 46% dos turcos veem o cristianismo como uma religião violenta. Num estudo turco mais recente, 42% dos entrevistados disseram que não aceitariam cristãos como vizinhos.

Os repetidos assassinatos de cristãos, portanto, não são uma surpresa. Em 2006, por exemplo, um padre católico foi assassinado em Trabzon, na costa do Mar Negro. Em 2007, três missionários cristãos foram assassinados em Malatya, uma cidade no leste da Turquia. Os responsáveis pelo crime eram nacionalistas radicais, cuja ideologia era uma mistura de patriotismo exagerado, racismo e Islã.

Convertidos correm grande risco
Os muçulmanos que se converteram ao cristianismo, entretanto, enfrentam um perigo ainda maior do que os próprios cristãos tradicionais. A apostasia, ou a renúncia ao Islã, é castigada com a morte de acordo com a lei islâmica – e a pena de morte ainda se aplica no Irã, Iêmen, Afeganistão, Somália, Mauritânia, Paquistão, Qatar e Arábia Saudita.

Até no Egito, um país secular, os convertidos atraem a cólera do governo. O ministro da religião defendeu a legalidade da pena de morte para os convertidos – embora o Egito não tenha uma lei como esta – com o argumento de que a renúncia ao Islã é alta traição. Esses sentimentos fizeram com que Mohammed Hegazy, 27, convertido para a Igreja Cóptica Ortodoxa, passasse a se esconder há dois anos. Ele foi o primeiro convertido no Egito a tentar fazer com que sua religião nova aparecesse oficialmente em sua carteira de identidade expedida pelo governo. Quando seu pedido foi recusado, ele tornou o caso público. Inúmeros clérigos pediram a sua morte em resposta.

Os cópticos são a maior comunidade cristã do mundo árabe, e cerca de 8 milhões de egípcios pertencem à Igreja Cóptica. Eles são proibidos de ocupar altas posições no governo, no serviço diplomático e militar, assim como de desfrutar de vários benefícios estatais. As universidades têm cotas para alunos cópticos consideradas menores do que a porcentagem que eles representam na população.

Não é permitido construir novas igrejas, e as antigas estão caindo aos pedaços por causa da falta de dinheiro e de permissão para reforma. Quando as meninas são sequestradas e convertidas à força, a polícia não intervém. Milhares de porcos também foram mortos sob o pretexto de combater a gripe suína. Naturalmente, todos os porcos pertenciam a cristãos.

O vírus cristão
Seis cópticos foram massacrados em 6 de janeiro – quando os cópticos celebram a noite de Natal – em Nag Hammadi, uma pequena cidade 80 quilômetros ao norte do Vale dos Reis. Previsivelmente, o porta-voz da Assembleia do Povo, a câmara baixa do parlamento egípcio, chamou isso de “um ato criminoso isolado”. Quando acrescentou que os responsáveis queriam se vingar do estupro de uma jovem muçulmana por parte um cóptico, isso quase pareceu uma desculpa. O governo parece pronto a reconhecer o crime no Egito, mas não por tensão religiosa. Sempre que conflitos entre grupos religiosos acontecem, o governo encontra causas seculares por trás deles, como disputas por terras, vingança por algum crime ou disputas pessoais.

Nag Hammadi, com 30 mil moradores, é uma poeirenta cidade comercial no Nilo. Mesmo antes dos assassinatos, era um lugar onde os cristãos e os muçulmanos desconfiavam uns dos outros. Os dois grupos trabalham juntos e moram próximos, mas vivem, casam-se e morrem separadamente. A superstição é generalizada e os muçulmanos, por exemplo, temem pegar o “vírus cristão” ao comer junto com um cóptico. Não surpreende que esses assassinatos tenham acontecido em Nag Hammadi, nem que depois deles tenham se seguido os piores atos de violência religiosa em anos. Lojas cristãs e casas muçulmanas foram incendiadas, e 28 cristãos e 14 muçulmanos foram presos.

Nag Hammadi agora está cercada, com seguranças armados em uniformes negros guardando as estradas para entrar e sair da cidade. Eles certificam-se de que nenhum morador deixe a cidade e nenhum jornalista entre nela.

Três suspeitos foram presos desde então. Todos eles têm fichas criminais. Um admitiu o crime, mas depois negou, dizendo que havia sido coagido pelo serviço de inteligência. O governo parece querer que o assunto desapareça o mais rápido possível. Os supostos assassinos provavelmente serão libertados assim que o furor passar.

Mais direitos para os cristãos?
Mas também há pequenos indícios de que a situação de cristãos acuados em países islâmicos possa melhorar – dependendo do tanto que recuarem o nacionalismo e a radicalização do Islã político.

Uma das contradições do mundo islâmico é que a maior esperança para os cristãos parece surgir exatamente do campo do Islã político. Na Turquia, foi Recep Tayyip Erdogan, um ex-islamita e agora primeiro-ministro do país, que prometeu mais direitos aos poucos cristãos remanescentes no país. Ele aponta para a história do Império Otomano, no qual os cristãos e judeus tiveram de pagar um imposto especial por muito tempo, mas em troca, tinham a garantia de liberdade de religião e viviam como cidadãos respeitados.

Uma atitude mais relaxada em relação as minorias certamente representaria um progresso para a Turquia.

Tradução: Eloise De Vylder
Fonte:
UOL e DER SPIEGEL