África, chegou a sua hora!


Daqui a alguns dias, os olhos do mundo inteiro voltar-se-ão para o continente africano. No dia 11 de junho começa, na África do Sul, a Copa do Mundo de Futebol.

Berço de grandes civilizações, a África foi vítima de um longo processo de devastação. Invadido no século XVI por caçadores de escravos a caça de mão de obra barata a ser vendida no “novo mundo”, o continente africano sofreu uma terrível sangria. Milhares de seus filhos foram arrancados de suas entranhas e, a bordo de navios negreiros, foram conduzidos a força para as Américas para trabalhar como escravos a serviço dos colonizadores.

Com a descoberta de suas riquezas naturais e de suas jazidas de pedras preciosas, a África tornou-se meta da avidez das grandes potências européias desejosas de explorar todo seu patrimônio. Reunidos em Berlim (na Alemanha), em 1884, 12 países europeus, com interesses na África, lotearam entre si suas terras dando vida a um longo período de colonização que teve como conseqüência o enriquecimento dos europeus à custa do empobrecimento da África. Fome, miséria, endividamento, guerras fratricidas, destruição ambiental, desertificação, urbanização selvagem, violência... são as marcas deixadas pelos opressores e alguns dos desafios que a África enfrenta neste últimos tempos, fazendo dela o continente mais sofrido do mundo.

Torço para que a Copa do Mundo seja uma oportunidade para dirigir um olhar de compaixão e de solidariedade para com povos africanos. A África está tentando se levantar, mas para isso precisa da solidariedade de todos. Nos próximos dias o mundo inteiro vai parar para se concentrar numa bola que vai rolar pelos gramados de estádios modernos construídos em tempos recordes. Que loucura! Este mesmo mundo não é capaz de parar um segundo diante da dor de inteiros povos africanos que morrem de fome. Há gente disposta a patrocinar um torneio de futebol, mas não há pessoas e nações disponíveis para apadrinhar o fim da fome e da miséria.

Nada contra a paixão pelo futebol, mas precisa acelerar os tempos também para estancar os altos índices de mortalidade por fome e doenças que massacram os povos africanos. Os recursos arrumados para a festa do futebol e o ritmo acelerado com que foi aprontada a estrutura necessária para este grande evento, devem também aparecer na hora de encarar e resolver os desafios que assolam o continente africano.

A força e a dignidade de um país ou de um continente não se medem pela capacidade de hospedar e organizar um evento deste porte, mas pela competência e a vontade política de garantir vida digna para todos seus habitantes.
Parte do texto do Pe. Xavier, enviado por uma amiga.

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