Na guerra do Vietnã, uma foto em particular foi publicada em quase todos os jornais do mundo. Ela retratava uma menina aterrorizada a fugir da sua aldeia, com outras crianças, para tentar escapar ao horror do napalm que lhe queimava a pele. Chamava-se Kim Phuc, quase morreu, tendo ficado com cicatrizes em quase todo o corpo.
Segundo o jornal “Crónica Cristã” de Minnesota, em 1996 Kim Phuc foi convidada a proferir uma palestra em Washington, no Memorial dos Veteranos do Vietnã. No discurso ela afirmou que perdoaria o piloto que lhe infligiu tamanho dano, se um dia eles se encontrassem. O homem a quem ela se referia era John Plummer. Ele julgava que não havia civis na aldeia, por isso ordenara o ataque. Mas a culpa continuava latente e precisava sentir-se perdoado.
Ele soube que Kim estaria lá, e foi ouvi-la. No fim da cerimônia, encontraram-se. Naquele momento, John Plummer, constrangido, apenas repetia: “Perdoe-me, eu sinto muito”. Kim Phuc fitou-o por momentos e respondeu: “Tudo bem, está perdoado”.
Ela perdoou e desde aí dedicou-se a promover a paz, criando a “Kim Phuc Phan Thi Foundation” em 1977, uma fundação que ajuda crianças vítimas de guerra, em qualquer parte do mundo, fornecendo ajuda médica e psicológica de modo a ajudá-las a superar as experências traumáticas.
Mas como poderia ela perdoar aquele piloto? Kim tornara-se uma seguidora de Jesus Cristo após a guerra, assim também como John. Eles entendiam o perdão – como dá-lo e como recebê-lo. Eles foram perdoados por Jesus e permitiram que o ciclo do perdão continuasse.
Kim Phuc era uma mulher cristã.
Podia ter ficado ressentida e odiado o piloto. Podia ter desenvolvido um espírito amargo e vingativo. Podia ter carregado uma raiva inflamada desse incidente cruel que a marcara para sempre, mas seguiu Jesus: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44); e também: “Não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados” (Lc 6.37). Ela sabia que fora totalmente perdoada: “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão” (Dn 9.9). Ela podia orar o “Pai Nosso”: “Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve” (Lc 11.4).
Assim, Kim Phuc perdoou o piloto americano, aliviando-lhe o coração carregado de culpa.
Num mundo onde a retaliação é comum – “olho por olho, dente por dente” – os crentes em Jesus não somente são perdoados, mas também são chamados para perdoar.
Com a ajuda do Espírito Santo, que habita em nós, podemos escolher ter um espírito de perdão, seguindo o conselho bíblico: “Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3.13).
A activista pela Paz, que foi nomeada Embaixadora da UNESCO em 1994, é o símbolo vivo do sofrimento de inocentes vítimas da guerra. A sua imagem ao ser queimada por napalm correu mundo, como testemunha dos horrores da guerra e tornou-a portadora de uma mensagem de perdão, reconciliação e tolerância.
Samuel Câmara e B. Lino
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