Li e gostei

“Quem quisesse resumir numa palavra a característica principal da arte moderna encontrá-la-ia, perfeitamente, na palavra sonho. A arte morderna é arte de sonho. Modernamente, deu-se a diferenciação entre o pensamento e a ação, entre a idéia do esforço e o ideal, e o próprio esforço e a realização. Na idade Média e na Renascença, um sonhador, como o Infante D. Henrique,punha o seu sonho em prática. Bastava que com intensidade o sonhasse.

O mundo humano era pequeno e simples. Era-o todo o mundo até a era moderna. Não havia a complexidade de poder a que chamamos democracia, não havia a intensidade de vida que devemos àquilo que chamamos industrialismo, nem havia a dispersão da vida, o alargamento da realidade que as descobertas deram e resulta no imperialismo.

Hoje o mundo exterior é desta complexidade tripla e horrorosa. Logo no limiar do sonho surge o inevitável pensamento da impossibilidade…os grandes homens antigos eram homens de sonho. Os homens diminuem. Gradualmente, cada vez mais, governar é administrar, guiar”.
(Fernando Pessoa)

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