Amigo é coisa prá se guardar...

"Os sinos tocam de modo muito diferente do normal quando morre um amigo."
Martinho Lutero

Gostaria de tecer algumas palavras sobre amizade, neste mês de dezembro que se inicia e que muito me fez lembrar de uma pessoa que nos deixou nesta terra e se encontrou há um ano no Céu com o melhor Amigo, Jesus Cristo.

Meu amigo Flávio Almeida, Pastor apaixonado pela sua missão, Cabo da Polícia com orgulho do que fazia, o conheci há quase 17 anos na Guarda do Palácio da Liberdade. Eu era seminarista do último ano no Sebemge e recruta na gloriosa PMMG. Flávio era corneteiro, tinha a função de anunciar a chegada do Comandante, tocar na troca da guarda, fazer o hasteamento e arriamento da Bandeira e ficar buzinando aqueles toques de ordem unida enquanto o chefe de curso nos "ralava" no pátio do quartel. Bons tempos aqueles.

Flávio era professor de hermenêutica do Seminário Cristo para as Nações e escrevia seus livros, tocava e pregava por todos os cantos. Na Polícia, depois de passar pelo serviço de inteligência da Guarda Palaciana, foi para o Comando da Capital. Deus me deu a oportunidade de ir para lá também, um ano depois, e trabalhamos juntos no CPC por um bom tempo: ele no serviço de inteligência e eu na estatística. Nesta época, recebemos juntos o título de Doutor em Teologia (Th.D) honoris causa pela Unipaz, e mais uma vez nos separamos profissionalmente.

Não teve jeito, depois de vários anos, encontramo-nos novamente trabalhando no mesmo lugar. Desta vez no famoso e abençoado 13 de Ouro, o Batalhão mais querido e disputado de Belo Horizonte. Em 2008 fui presenteado com uma transferência para o 13ºBPM, onde lá se encontrava o Cabo Flávio, secretário do Comandante e depois, um bom P/2. Foi o tempo em que quase matava todo mundo de rir imitando os colegas e suas performances de Elvis Presley.

Convidou-me para lecionar Escatologia no Seminário Batista Moriá, na igreja que presidia e, todos os dias, após as aulas à noite, sentávamos no banco do jardim da igreja para falarmos do Ministério e trocar experiências. Lá tinha um pequeno aquário, parecido com um laguinho, e foi quando o Pr. Flávio, com sua transparência de sempre me falava de sua delicada situação de saúde.

No dia em que partiu para a Glória Celestial, eu fui para o Hospital Militar passar a noite com Flávio. Era terça-feira, 21 de dezembro de 2010 e cheguei lá às nove da noite para render um outro amigo pastor. A família já havia sido chamada pelo médico. Oramos para que Deus fizesse a Sua vontade. Às 22:40, mais ou menos, conversava com o Sr. Antonio, pai do Flávio, na porta do quarto, quando nosso amigo foi promovido ao Céu.

Quero concluir dizendo que, de muitas experiências, cerimônias que participamos e trocas de púlpitos em nossas igrejas, o Pr. Flávio jamais deixava de mencionar que antes de colegas de profissão e de ministério, éramos amigos. Assim ele se referia: "meu amigo Eliézer..." e, isto vi da mesma maneira no seu relacionamento com muitas outras pessoas.

Jesus disse certa vez que não mais chamaria de servos aqueles discípulos que com Ele andavam e, sim, AMIGOS. O próprio Senhor Jesus via a necessidade de se ter amigos de verdade, mais do que simplesmente pessoas ao seu redor para te usarem ou para que você as use.

Essa é uma das verdadeiras essências da vida, pois do contrário, nada terá valido a pena nesta terra. O dinheiro, a fama e quaisquer conquistas pessoais só têm sentido com pessoas ao seu redor que torcem por você e que te amam de verdade, como verdadeiros amigos. E o Pr. Flávio tinha essa característica muito forte na sua vida.

Que Deus, em sua infinita doçura dada pelo Espírito Santo, continue confortando e trazendo as boas recordações e caráter deixados pelo Flávio à sua esposa Patrícia e aos garotos Kelinha e Ismael. Sou testemunha de que ele deixou exemplos e um legado de amizade à sua família.

Pr. Eliézer R. Abreu


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