"Profissão Perigo" e MacGyver

Pr. Eliézer R. Abreu
Postado em 27Abr2011-Quarta-feira

Olá amigos, Shalom.

Lembram daquela série de TV dos anos 80, o "Profissão Perigo"? Recordo do que o personagem, MacGyver, conseguia fazer com um grampo e uma caixinha de fósforo... uma bomba nuclear. Exagero, mas era quase isso. Bons tempos aqueles, da TV em preto e branco e dos disputados programas de televisão. Em cada episódio a gente vibrava como o cara inventava mil coisas para escapar do perigo apenas com um palito de dente e um isqueiro.

Pois é, hoje em dia tem muita gente com saudades, nem tanto da série - que por sinal era muito boa - mas o que sugere o nome: gostar de viver rodeado por situações adversas e, como um focado monge do gelado Tibet, amar demais isto. É o fato de querer, por vontade própria, se expor e permanecer correndo riscos.

Lembrei-me do "Profissão Perigo" e de MacGyver por causa da ponte sobre o Rio das Velhas, na BR 381, que está condenada e prestes a cair. Foi interditada e vai ser demolida para a construção de uma nova. Veio então, o Batalhão de Engenharia do Exército e construiu uma passarela totalmente segura para que, pelo menos, os moradores da região passem de um lado para outro e continuem tocando suas vidas.

Aí é que começa o problema: os militares vieram de longe (de Itajubá/MG), construíram a passagem em tempo recorde, estão 24 horas à disposição para manutenção e segurança e, sabe o que acontece? Simplesmente vários moradores estão ignorando a passarela e se arriscando passar por cima da ponte rachada e fadada a cair a qualquer momento! Sinceramente, eu não consigo entender isso. Se alguém puder me explicar como funciona a cabeça de uma pessoa assim, mesmo que seja pelas teorias de Freud, me explique, pelo amor de Deus!

Assim também, quanto à saúde da alma e das nossas emoções, não entendo como é que muitas pessoas arriscam-se em não tratar suas questões internas, guardando amarguras, ódio, ressentimento contra o próximo – na maioria das vezes, gente da própria família – e não percorrem as passarelas do amor, do perdão e da paciência. Como é que não conseguem enxergar os caminhos simples do reconhecimento, do elogio, das boas palavras e das sábias decisões. Algumas preferem passar pelas pontes quebradas e perigosas da solidão, das angustiantes preocupações da vida e da ansiedade, o que gera depressão e até doenças físicas.

Outro perigo, e este com certeza é o maior de todos, é o risco iminente da alma (entende-se a pessoa, como um ser espiritual) ser condenada a viver longe do desfrute e de todo prazer que Deus nos proporcionará, ao passarmos para a eternidade. Assim como aquela ponte, que pode cair a qualquer momento, nossa existência neste mundo pode cessar. Então eu pergunto: vale a pena ser negligente a ponto de, sabendo da possiblidade da salvação da nossa alma e reconciliação com Deus, ficar de fora de seus planos eternos e simplesmente sucumbir nas sujas águas do pecado e da maldição? Será que compensa viver a loucura de não confiar nossas vidas Àquele que nos dá e também tira o fôlego de vida?

Definitivamente, meus amigos, digo que NÃO dá para “pagar para ver” nessa aventura sem Deus. Seria muita pretensão, assim como aqueles passantes da ponte condenada, achar que pagar meus impostos, ajudar alguém de vez em quando, não roubar ou fazer mal a alguém e ser uma pessoa de bem, estaria livrando a minha alma da derrocada e de uma condenação eterna.

Muito além de ser uma boa pessoa, existe algo fundamental que todas as pessoas, sem exceção, devem fazer: arrepender-se e confessar seus pecados e pedir ao Senhor Jesus Cristo que o aceite como seu único e suficiente salvador, a fim de que o transforme em um novo homem, liberto, curado e seja garantida a sua filiação definitiva com o Eterno.

Deus nos deixou na sua Palavra, que é a Bíblia Sagrada, o caminho prático para que não haja PERIGO ALGUM de me aventurar no caminho largo da condenação:

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” S. João 14:6

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8:1

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” I S. João 1:8-10

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” S. João 3:16-21

Deixo, então, meus amigos, este alerta essencial para que pensem a respeito: Não faça de sua única vida uma experiência de laboratório. Você não tem nada a perder entregando seu coração e sua alma a Jesus Cristo, antes, receberá a paz, o perdão e a vida eterna, ao lado de Deus. Deixe as aventuras para os filmes de ficção e para personagens como MacGyver e nunca, jamais, cruze a larga e espaçosa ponte da condenação, sabendo que há uma passarela estreita, porém segura, para você alcançar a outra margem.

Convido-o a fazer agora esta oração, mesmo que apenas no seu pensamento:

“Senhor Jesus Cristo, reconheço que Tu é o Salvador e Senhor de tudo e de todos. Reconheço que só através de Ti eu posso me reconciliar totalmente com Deus, o Pai. Peço-te que me perdoe de cada um dos pecados, mesmo aqueles que nem lembro, e arrependo-me para renascer como uma nova pessoa, completamente purificado e transformado. Me aceite como um verdadeiro filho de Deus e escreva, para sempre, meu nome no Livro da Vida.

Te agradeço por não precisar mais, a partir de agora, arriscar a minha alma para o inferno e a condenação eterna, mas me proporcionar a vida, a alegria e a salvação. Assim seja, amém!"

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Seu valor

Se o valor de alguma coisa está no preço que se paga, então o seu valor é incalculável! Jesus pagou alto preço por você na cruz!
Alda Célia

Nada de auto-suficiência!

Postado em 16/Abr de 2011 - 19:20h
Shabat Shalom!

"Porque Deus é o que opera (do grego: energeo) em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" Filipenses 2:13 - grifo nosso

Noto ultimamente que as pessoas estão se tornando cada vez mais auto-suficientes nos aspectos intelectuais, culturais e até mesmo econômicos. No Brasil, por exemplo, com o aumento nos últimos anos da renda e do crescimento do país, com tendência a se tornar uma das cinco maiores potências mundiais, parece que a auto-estima e a independência está se tornando cada vez maior.

Apesar de produzir, em alguns aspectos, coisas positivas, esta auto-suficiência não deve tirar o cristão da sua posição de humildade para com Deus e o reconhecimento de que "toda boa dádiva e todo o dom perfeito vem do Pai das Luzes". A Bíblia diz que "Deus resiste aos soberbos, mas concede a sua graça aos humildes".

Nada, amigos, que realizarmos ou conquistarmos, terá sido obra meramente de nossos esforços, sem que o Eterno Deus, em sua magnificente bondade, amor e misericórdia tenha deliberado em nosso favor. Deus conspira com o universo para que um único e ínfimo projeto seu dê certo.

No texto de Paulo acima, vemos que o verbo grego energeo tem o sentido de dar poder, energizar, tem também o sentido de produzir. Isto seria o resultado da graça de Deus. Em outras palavras, o que está sendo ensinado é que o cristão deve cumprir seus propósitos na dependência da Graça de Deus e fortalecido pela presença de Deus em sua vida.

É Deus quem efetua o querer e o realizar. Em Romanos 7.18 o apóstolo diz que o querer o bem está nele, mas não o efetuar. O cristão que tentar viver a vida cristã confiado na sua própria capacidade, força ou formação, descobrirá muito cedo a sua incapacidade para tal.

Paulo dá esta lição, pois ele mesmo havia tido esta experiência quando afirma o seguinte: "porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.19).

Então, as lições para colocarmos em prática são:

1º - Tudo só será confirmado em minha vida se passar pelo aval da boa vontade de Deus.

2º - Nada de auto-suficiência! Lembre-se que toda a vaidade de grandes conquistas (dinheiro, fama, etc) vai-se embora apenas se o fôlego de vida for tirado.

"Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará" Salmo 37:5

Forte abraço, Pr. Eliézer R. Abreu




Encontre o seu "Wellington"

Postado em 10Abr/2011 - 13:56hs

Quinta-feira, 07 de abril de 2011. Um dia que será dificilmente apagado da mente dos brasileiros e, especialmente da comunidade do bairro Realengo, no Rio de Janeiro.

Muito bem armado - mais do que dois revólveres e muita munição, armado de um ódio incontrolável e motivações egoístas das mais diversas - Wellington Menezes entra em seu antigo reduto de educação e formação (?) para a vida e dispara covarde e cruelmente contra dezenas de meninos e meninas. Resultado: luto, famílias despedaçadas, vergonha, indignação e um país perplexo diante de imagens nunca imagináveis em nosso Brasil varonil.

Passados alguns dias de tanta exposição da mídia, vereditos de especialistas da segurança e do comportamento e comentários nas rodas e corredores de ônibus, fica a pergunta: quantos "Wellington's" estão andando por aí, guardando consigo mágoas profundas, pessoas que pode-se considerar verdadeiras "bombas-relógio", prestes a descarregar toda a raiva e descontentamento com a vida em inocentes que pouco, ou nada, têm a ver com seus dilemas e crises existenciais?

Antes, a propósito, me dêem licença os amigos de nome WELLINGTON (com LL, com L, com G ou sem G), apenas para ilustrar pessoas como aquele rapaz que, sem saber como lidar com questões da vida, virou manchete mundial como um assassino e suicida.

Fico me perguntando, porém, onde estavam os cristãos daquele bairro, daquela cidade, que não fizeram diferença alguma para aquele moço. Questiono-me sobre a relevância e o papel da igreja para salgar e iluminar. Será que nenhum filho de Deus percebia o rapaz com aquele olhar triste, cabisbaixo e notoriamente infeliz?

Jesus disse em Mateus 5:13-14: "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.”

Deixo aqui a reflexão sobre a importância de que você e eu identifiquemos os “Wellington’s” que estão por aí no trânsito, na escola, no trabalho e mesmo dentro dos nossos lares, pois são alvos de satanás para roubar, matar e destruir. Pessoas assim apresentam sérios distúrbios emocionais, depressão, solidão, ressentimento e todo tipo de sentimento negativo.

Fica aqui o alerta de nosso Senhor Jesus Cristo que, se como cristãos, perdermos a capacidade de dar sabor (gosto, vida, tempero, diferença positiva), será difícil ser restaurado e, se não servir para nada, ser lançado fora.

Que possamos dar sabor e proporcionar luz (Jesus é a luz), de modo que REALMENTE a mensagem do evangelho seja relevante nesta sociedade sem Deus. Que Deus nos levante para transformar essa geração perdida e que estejamos dispostos a encontrar (é muito fácil achar) pessoas que necessitem ser direcionadas para um encontro verdadeiro com Deus.

Deus conta com você! Encontre um “Wellington” hoje mesmo e faça a diferença.

Forte abraço,

Pr. Eliézer R. Abreu




No meio

"E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando."João 8:4

Você já se sentiu acuado, pressionado ou julgado?

Garanto que foi pouco perto do que aquela prostituta sentiu.

Rodeada por acusadores, com pedras nas mãos, ansiosos para matá-la.

Por favor, é importante que você vislumbre a cena:

Uma roda de homens barbudos e zangados segurando pedras contra uma mulher apavorada. E, para terminar, o mais incrível: No meio da roda está Jesus, escrevendo no chão.

O coração da mulher bate a mil por hora. As veias dos homens latejam de ira. Jesus, porém, está apenas escrevendo tranquilamente.

O desafio é lançado a Cristo: O que fazer com a mulher? A Lei manda apedrejá-la. O que o Mestre do Perdão tem a dizer?

A resposta é conhecida por todos: "Quem nunca pecou, atire a primeira pedra.", diz Jesus.

Veja o que acontece após esta declaração:

"Quando ouviram isto, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio."

Não sei se reparou, mas eu já grifei duas vezes a expressão "no meio". Pois ela é justamente o assunto do Post.

No meio.


Talvez seja exatamente onde você esteja.

No meio de problemas.
No meio de acusações.
No meio de adversidades.


Os acusadores fizeram questão de colocar a mulher no meio para que ela não tivesse para onde olhar. Para cada lado que olhasse, ela só via pedras.

Satanás está tentando fazer o mesmo com você.

O meio é um lugar difícil de se estar, mas a história da prostituta nos dá um ensinamento valioso: Jesus está lá conosco!

E notem: Ele escreveu no chão o tempo todo! Nem olhou no rosto dos acusadores!

As pedras? Jesus não estava preocupado com elas.

Ele também não está preocupado com as suas!

Se você tem estado "no meio", experimente segurar a mão do Mestre.

Não olhe para as pedras, olhe para o desenho no chão!

Seus acusadores irão embora, um a um...

Dicas do Pedrão

Sábado, 02 de abril de 2011. Olá amigos, Shabat Shalom!

Meditando hoje no texto bíblico da primeira carta do apóstolo Pedro, capítulos 1 e 2, tive a grata surpresa de ser ensinado - cada dia precisamos abrir o coração para ser ensinável, principalmente em se tratando da Palavra de Deus - a respeito da purificação da alma e do culto que esta oferece ao nosso Eterno.

Nossa alma, sede dos pensamentos, emoções e decisões, está sujeita a todo o tipo de lixo que se possa imaginar. Sobretudo nos dias de hoje onde é fácil encontrar distrações que nos tiram da meditação, da contemplação e da adoração, somos bombardeados pela mídia, pelo ativismo, pela cultura da pressa e da competitividade, daí nossos pensamentos vaguearem tanto e nos tirar do foco.

Pedro, então, admoesta a cada um de nós a respeito da sobriedade, que é a capacidade de permanecermos "inteiros", sem cambalearmos feitos ébrios, ou bêbados. Orienta-nos a "esperar inteiramente na graça" que foi-nos dada por Jesus e buscarmos ser separados, ou santos, assim como Deus é santo. O apóstolo, preocupado com a nossa "alma", nos conclama à purificação "na obediência à verdade" para que prevaleça o amor fraternal não fingido (coisa meio fora de moda, não é?) e reverbera: "amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro".

No segundo capítulo, a exortação - ou ensino - é que "deixemos a malícia, engano, fingimentos, invejas e TODAS as murmurações" - versículo primeiro -. Destaquei a palavra 'todas' porque a murmuração é algo que tem me preocupado ultimamente. Vejo este terrível mal como um sintoma de falta de fé e, "sem fé é impossível agradar a Deus". Cuidado! Se flagrar-se murmurando, peça imediatamente a Deus que o livre disto e coloque uma fé inabalável no seu coração.

Ainda, nos adverte da necessidade de querer, desejar como um bebê que "fuça", procura e suga com tudo o que pode, o leite dos seios da mãe, a Palavra de Deus, comparada ao leite "não falsificado". Sobre o culto, aprendemos que Cristo é a pedra viva, a principal, a base da engenharia e sustentação de todas as coisas. Mas vemos lá que nós também, "como pedras vivas, somos edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecermos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, através de Jesus Cristo", ou seja, é por intermédio do Filho que temos a possibilidade de alegrar o coração de Deus, em culto e sacerdócio e, completa o apóstolo dizendo que quem crer na principal Pedra, a eleita e preciosa, jamais será confundido.

Sua oferta de louvor, seu sacrifício espiritual, suas tentativas de adentrar no mais profundo e íntimo lugar de adoração junto ao Pai não serão frustrados ou confundidos com o profano e o falso! Terão validade e serão aceitos pois você é "geração eleita (Deus votou em você!), o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido". E se, por acaso, você se acha incapaz ou imerecedor disto, veja como Pedro encerra: "vocês que, em outro tempo - no passado - não eram povo, mas, agora, são povo de Deus; que não tinham alcançado misericórdia, mas, agora, alcançaram misericórdia".

Não se deprecie! Tome, hoje mesmo, a decisão de ser sacerdote e assumir seu lugar de adorador, pois agora você é povo de Deus, alcançado pela Sua misericórdia.

Forte abraço,
Pr. Eliézer

Entrevista: Roberto Shinyashiki

A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.

Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki
-- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegarão a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É -O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki
-- Paranóia e depressão cada vez mais precoce.
O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece.
A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É - Por quê?

Shinyashiki
-- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.
Disse que ela não parecia demonstrar interesse.
Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas.
Contratei-a na hora.
Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?
- Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir.
Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki
-Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado.
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.
O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki
- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser.
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
E poucos são humildes para confessar que não sabem.
Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki
-Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada!
Tive um professor de filosofia que dizia:
'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki
- Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado.
A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza.
Não há nada de errado nisso.
Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki
-Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.
Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.
O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.
Um amigão me perguntou:
'Quem decidiu publicar esse livro?'
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki
- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas: a primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.
Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É
- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki
- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade...
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.

A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..
Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades de ser feliz.